Os Médicos de Família e os Cuidados de Saúde Primários devem ter um papel central nos sistemas e serviços de saúde. Nunca, como hoje, esta afirmação foi tão verdadeira. A pandemia que vivemos veio reforçar ainda mais a nossa importância enquanto gestores do percurso do doente e dos recursos de saúde disponíveis, tendo por base uma relação de proximidade e de abordagem individualizada que só os Médicos de Família conseguem ter.
Neste contexto difícil que atravessamos, a Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar assinala e comemora mais uma vez o Dia Mundial do Médico de Família, em parceria com a WONCA – Organização Mundial de Médicos de Família, este ano sob o lema “Construir o futuro com os Médicos de Família: Ser Médico de Família e ser Feliz!”.
Esta efeméride, que se assinala a 19 de Maio, desde 2010, celebra e exalta precisamente a importância dos especialistas em Medicina Geral e Familiar, destacando o seu ligar central na construção de um futuro mais justo e equitativo, com cobertura universal dos CSP, de modo a garantir a acessibilidade generalizada e transversal a cuidados de saúde de proximidade e de qualidade, que estejam presentes ao longo de todas as fases da vida.
A chave para conseguirmos alcançar tão nobre objetivo é apostar de forma clara na Medicina Geral e Familiar e nos seus especialistas. É necessário termos Médicos de Família felizes, que se sintam realizados com a sua atividade profissional e que, de forma plena, possam desenvolver e aplicar as suas múltiplas capacidades e aptidões.
De adaptação e espírito de missão, soubemos reinventar processos, encontrar novas formas de estar junto dos nossos doentes e encaixar múltiplas e novas atividades e solicitações numa agenda já de si preenchida. Estivemos e estamos na linha da frente do combate à pandemia e, dentro do que nos foi permitido, continuámos a acompanhar quem nos procurou com necessidades não relacionadas com a COVID-19.
Mas o futuro está à porta e temos de o saber construir de forma sólida. Precisamos de aliviar a carga burocrática que nos aprisiona e nos impede de fazer aquilo que apenas nós sabemos e podemos fazer. Queremos voltar a ter tempo para acompanhar os nossos utentes/doentes da forma que merecem e precisam, em todas as suas vertentes. É fundamental criar as condições para que voltemos a ser Médicos de Família por inteiro e não apenas médicos de pandemia. Só assim poderemos alcançar a felicidade que todos merecemos e ambicionamos.