Depressão no Natal?

Sim, leram bem.

Esta época é marcada pela azáfama dos jantares, de que presentes comprar, com quem se vai ou não passar o Natal, as luzes, as decorações natalícias que podem arrancar os mais belos sorrisos e suspiros. Também pode ser marcada, pelo balanço do ano, pela pausa, para o reencontro consigo mesmo.

Mas para outros, pode ser uma época marcada pela tristeza, pela solidão, quer por não ter com quem passar esta época, quer pela partida de um ente querido e também pelo término de uma relação.

Pode parece estranho e que deveria ser mais fácil sentirmo-nos bem, mas nem sempre nos sentimos bem quando queremos, e a Depressão no Natal é uma realidade.

Muitas das vezes o início da depressão não tem necessariamente de ser nesta época, mas sim porque os sentimentos de desânimo já se arrastam há já algum tempo e que com a chegada do Natal ficam mais exacerbados.

A mente de quem está deprimido pode ser dominada por pensamentos negativos sobre si mesmo, como se tudo estivesse errado consigo, ter uma visão do futuro sem grandes esperanças e só consegue fazer uma antecipação de que tudo vai correr mal, pode ocorrer também a sensação de que tudo à volta é desanimador, não há nada de positivo e existe um constante sentimento de fracasso e vazio.

Quando a depressão se instala, tudo parece que fica mais cinzento e vai escurecendo cada vez mais.

Quando as festas se aproximam, e se entra num período de festas, tudo à volta parece descontextualizado em relação ao modo de pensar e de sentir as coisas.

Quem está deprimido pode facilmente fazer comparações do seu estado com os outros, que estão ao seu redor, e vêem-se desanimados, sem energia, sem préstimo e sem valor, sem sensação de pertença àquele momento e contexto. O facto de se sentir sem energia, pode contribuir para não conseguir fazer as coisas como gostaria e permitir uma maior sensação de fracasso e de acontecimentos negativos. E quando chega o momento de pensar sobre o futuro, e não se conseguir sentir nada de novo, de diferente, é como se tudo fosse continuar exatamente como está neste momento.

O que pode acontecer é uma ocultação do que se está a sentir e simplesmente ir, para onde tem de se ir, tentando fingir que está tudo bem, e com isso pode haver um aumento do sofrimento e uma sensação de incompreensão por parte dos outros.

Existe um esforço para estar com outras pessoas, mas facilmente se irritam, ficam mais reativos, e sem vontade de falar e a desejar que termine o mais depressa possível para poder regressa a casa.

Pode ocorrer também uma evitação de estar com os outros, fechando-se em casa, na sua zona de conforto, na sua solidão e tentar esquecer que é Natal. O sofrimento aqui não desaparece também, e pode aumentar a sensação de que está errado e longe de outras pessoas.

Os fatores que podem contribuir para esta situação podem ir desde a perda de pessoas significativas; doença; divórcio; desemprego; acidentes pessoais ou de familiares e amigos; institucionalização; conflitos com familiares ou com amigos; ausência devido à distância física, que separa familiares por diversos motivos; pressão social devido à compra dos presentes e as atividades sociais que ocorrem na época do Natal.

De modo a reduzir ou eliminar estes sinais e sintomas, poderá ajudar se não se obrigar a mudar o seu estilo de vida, deixando de parte rotinas que o deixam feliz, podendo sempre criar a sua própria tradição de Natal de acordo com o que faz sentido para si.

É importante também ajustar as expectativas, deixando-se envolver e desfrutar de cada momento da melhor forma possível. Procure organizar programas que permitam combater o isolamento e a reduzir os temas de conversas negativas. 

Viver a época de Natal não significa que se anulem sentimentos, assim a tristeza, a saudade e a nostalgia são sentimentos que fazem parte do ser humano, pelo que devem ser vividos, respeitados e aceites.

É importante entender que este problema não se resolve com o fim da época natalícia. Esta problemática, virá a interferir nas atividades do dia a dia, nas diferentes esferas (pessoal, familiar, social e profissional), podendo causar um enorme sofrimento.

A especialidade de Psicologia Clínica é a mais aconselhada para atuar tanto a nível psicológico como a nível emocional, e ajudar na tomada de consciência do que causa os seus problemas, na promoção de mudanças, pessoais e de comportamento, no processo de um autoconhecimento, assim como no restabelecimento da sua capacidade de gerir e confrontar, de modo autónomo, os desafios que a vida lhe pode apresentar.

Seja o seu agente de mudança, de ajuda e procure apoio especializado. Seja o principal a cuidar da sua Saúde Mental.

Dra. Ana Beça Silva
Psicóloga Clínica e da Saúde na OPFC

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