Cláudia Bernardino Bernardo é médica de família há 17 anos. Desde abril do ano passado é também diretora clínica da OPFC – Clínica Médica do Porto. Uma profissional dedicada e apaixonada, que centra a sua vida na saúde e no cuidar do outro.
Conte-nos o seu percurso académico e profissional? Porque escolheu a medicina de proximidade?
Tinha três anos e dizia que queria ser médica. No interior, para alcançar médias competitivas era preciso abdicar de tudo e a dedicação ao estudo era a tempo inteiro. No quinto ano, com a passagem da cadeira de “Clínica Geral” tive a certeza que queria ser médica de família. Vivo e trabalho no Porto há quase 19 anos. Tirei a minha especialidade de uma forma consciente, mas louca e surrealista.
Durante quatro anos trabalhei 100 horas por semana. Quis aprender e passar pelo maior número de especialidades possíveis, trabalhei um currículo imenso e vasto. A maior aprendizagem foi-me passada por todas as pessoas e utentes com quem me cruzei estes anos todos. Ser médica de família é ser médica desde os zero anos. A relação de confidencialidade e proximidade com os utentes é muito aliciante e enriquecedora. É este conjunto, de um todo, que me conquistou e que me mantém fascinada diariamente, me motiva cada dia a ser melhor.
Qual a missão da clínica OPFC e que balanço faz desde a sua abertura?
A génese da OPFC foi baseada numa vertente de medicina física, de reabilitação e medicina desportiva, contudo, e dada a conjuntura pandémica que vivemos, no pós junho de 2020, fomos inevitavelmente obrigados a reinventar a estratégia.
No presente, a aposta da OPFC é a diferenciação nos seus serviços, através das valências disponíveis e, que foram aumentando ao longo do tempo. Quem procura a OPFC encontra desde o diagnóstico ao tratamento, sem sair do mesmo espaço. Integram a equipa referências do mundo desportivo, exemplo disso é o Dr. José Maria Villalón Alonso, chefe do departamento médico do Atlético de Madrid, um médico que nos honra integrar a Comissão Científica como Presidente, mas também um amigo, e por isso também nos apoiou nessa mudança de estratégia para enfrentar a pandemia.
Mudaram de instalações para a Avenida da Boavista. Quais as valências disponíveis e porquê um novo espaço?
Não foi um capricho que levou a administração a esta nova missão e visão de ampliar a OPFC, foi a necessidade de um espaço maior face à procura dos nossos serviços, aliada ao dever de apresentar novidades. No presente, a aposta da OPFC é a diferenciação nos seus serviços, seja através da Medicina Geral e Familiar, Pneumologia, Pediatria, Psicologia Clínica, Psiquiatra, Nutrição Funcional, Desportiva e Clínica (focada também na Diabetes), Fisioterapia Respiratória e Pediátrica, Fisioterapia Saúde Pélvica Feminina e Masculina, Podologia – Pé Diabético e Cirurgia Plástica, Reconstrutiva e Estética. Dispomos ainda dos serviços de enfermagem, realização de análises clínicas, convenção com centro de imagiologia e diagnóstico radiológico e ainda realização de testes SARS-CoV-2 quer os de antigénio rápidos, quer os moleculares por RT-PCR com colheitas da nasofaringe ou saliva.
Uma clínica com uma consulta multidisciplinar do sono, capaz de executar os vários níveis de exames para o correto diagnóstico e consequentes tratamentos, com uma consulta médica diferenciada antitabágica, um apoio geriátrico médico e de enfermagem ao domicílio.
Como se sente enquanto mulher num cargo de liderança? Que desafios enfrenta diariamente?
A liderança no feminino é muito mais atenta ao detalhe e emocional, muito mais preocupada com a equipa a nível emocional, mais próxima do outro, e com maior capacidade de gerar empatia e assim, criar uma relação de confiança, fazendo com que a equipa se sinta envolvida de forma mais natural e não por uma questão de obrigatoriedade. É preciso achatar a hierarquia nas empresas, e elevar o nível emocional das equipas, envolver as pessoas nas decisões, ouvir a sua opinião e mantê-las dentro do processo, como peça fundamental do sucesso. Acredito muito no poder das mulheres como líderes, em todas as áreas, temos uma inteligência emocional mais desenvolvida e, esta característica é fundamental para trabalhar com pessoas. Como diretora clínica da OPFC encontrei uma possibilidade de poder ter um papel ativo na gestão no feminino. Os desafios são inerentes ao que desejamos alcançar, ser uma clínica de referência no Grande Porto.
Tenho como certo que neste cargo tenho e terei desafios diários. Para mim, que gosto de viver em adrenalina constante, é uma honra estar na direção clínica da OPFC.